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28/02/2023

Piora balança comercial de manufaturados

Piora balança comercial de manufaturados

A balança comercial brasileira de manufaturados encerrou 2022 com saldo negativo recorde de US$ 128,246 bilhões. O alerta partiu do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso.

A Abimaq ressaltou que, em série histórica da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, é possível perceber que o desempenho em 2022 foi pior do que o saldo negativo de 2021, de US$ 111,277 bilhões, e o maior desde série iniciada sobre esse dado em 1990.

Para Velloso, o desempenho negativo é resultado de ambiente desfavorável no Brasil nos últimos anos à exportação de itens industriais. “Exportar [manufaturados] no Brasil não é difícil; é muito difícil”, resumiu Velloso.

Velloso explicou que o setor de máquinas e equipamentos é um dos que lideram exportações de manufaturados no país. “Ano passado exportamos em torno de US$ 12,1 bilhões, e aguardamos crescimento de 8% em 2023. É um setor que exporta bastante”, disse. No total, as exportações de manufaturados do Brasil giraram em torno de US$ 99,2 bilhões em 2022.

Porém, essas vendas externas ocorrem em meio a uma série de barreiras internas à competitividade do manufaturado brasileiro em relação a seus concorrentes, ressaltou Velloso.

Ao citar os obstáculos, o presidente da Abimaq ressaltou ausência de infraestrutura e logística adequadas, que diminuam custos de transporte de manufaturados, bem como de matérias-primas usadas para elaborar manufaturados. “Aluguel de contêiner, despachante, tudo subiu de preço”, disse. Os fretes para o exterior também encareceram após a pandemia, acrescentou.

“Também tivemos aumento do preço de matéria-prima, muito mais grave do que aumento do frete”, acrescentou Velloso. Como exemplo citou o aço, muito demandado pela indústria.

Outro obstáculo citado por Velloso é a ausência de linhas mais eficazes de crédito para exportação e para seguro de exportação. No caso desse último, ele frisou ser essencial por dar mais segurança ao exportador brasileiro de manufaturados - que não poderia resolver facilmente problema de pagamento, por exemplo, com cliente fora do país.

Ao mesmo tempo, é preciso alguma estabilidade no câmbio, lembrou. No caso de máquinas e equipamentos, Velloso comentou que, com atual volatilidade do dólar, fica difícil definir qual cotação a ser usada em contratos de exportação de máquinas e equipamentos.

“Temos um monte de problemas a resolver para o Brasil voltar a ser exportador [forte] de manufaturados. É melhoria de competitividade”, notou. “Exportar [manufaturado] não cai do céu”, disse.

Fonte: Valor Econômico