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01/02/2023

Portos do Arco Norte superam exportação de grãos de Santos pela 1ª vez

Portos do Arco Norte superam exportação de grãos de Santos pela 1ª vez

A capacidade de exportação dos portos do chamado Arco Norte, os que estão acima do paralelo 16, cresce ano a ano, e as exportações batem recordes. No ano passado, pela primeira vez, o volume de grãos que saiu pelos portos dessa região superou o de Santos.

Já se esperava o crescimento da movimentação de produtos em 2022, mas ele foi expressivo e veio acima do estimado, afirma Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Os portos do Arco Norte são importantes não apenas para a saída de grãos mas também para a entrada de fertilizantes importados, uma vez que há um crescimento contínuo da área cultivada e da produção na região.

Essas novas saídas encurtam distâncias em relação aos portos do Sudeste e do Sul, diminuem custos, dão maior competitividade ao produto brasileiro no exterior e têm efeito positivo no bolso do produtor.

Para a assessora da CNA, as novas saídas criam mais opções para os produtores de fronteiras agrícolas e trazem reflexos positivos para a produção. A consolidação desses portos vai indicar ganhos nos preços e na competitividade, afirma.

A demanda de exportação, devido ao crescimento da produção na parte de cima do paralelo 16 —que inclui as regiões Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste e do Sudeste—, vai continuar. Daí a necessidade de adequar a capacidade desses novos portos.

Na avaliação de Lopes, a iniciativa privada tem acompanhado essa evolução, mas a dificuldade maior vem dos investimentos públicos, principalmente no que se refere à infraestrutura do meio de caminho, como o acesso aos portos.

Para os técnicos do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), os investimentos feitos nas infraestruturas rodoviária, hidroviária e portuária nos últimos anos provocaram uma redução no custo dos fretes quando comparado ao do Arco Sul.

Dados do Imea indicam que os valores dos fretes rodoviários de grãos com origem em Sorriso (MT) e destino a Miritituba (PA) apresentaram queda de 53% em relação ao produto enviado para Santos (SP). Os dados se referem à média de 2016 a 2022.

A saída por Miritituba é umas das soluções logísticas do Arco Norte para o escoamento das cargas. O objetivo agora é melhorar as condições de trafegabilidade entre os estados de Mato Grosso e do Pará, segundo o Imea.

A produção de grãos se consolida rapidamente na parte superior do paralelo 16. Em 2009, o Brasil produzia 108 milhões de toneladas de soja e de milho, sendo 51,9% acima do paralelo. No ano passado, a produção do país para esses dois produtos foi de 238,6 milhões, e 72,1% saíram de áreas acima do paralelo, conforme dados da CNA.

Já as exportações do Arco Norte, que participavam com 16,6% em 2009 do total do Brasil, atingiram 37,1% no ano passado. Saíram 52,3 milhões de toneladas de milho e de soja pelos portos que estão acima do paralelo 16 no ano passado, volume que supera os 46,8 milhões do porto de Santos. No caso da soja, estão incluídos farelo e óleo.

O maior volume de grãos ainda sai, no entanto, pelos portos que estão abaixo desse paralelo. No ano passado, foram 88,6 milhões de toneladas, segundo a CNA.

O ritmo de saída de grãos pelo Arco Norte deve se intensificar muito nos próximos anos. De 2019 a 2022, a produção de soja e de milho do Brasil cresceu 6,3% ao ano; e as exportações, 9,5%.

Enquanto a produção das áreas localizadas acima do paralelo 16 tiveram evolução de 8,9% ao ano, a das áreas inferiores a esse paralelo evoluíram apenas 2,2% ao ano. As exportações cresceram 16,5% ao ano, desde 2009, na parte superior do país e evoluíram 7,1% na inferior.

Os portos de São Luís/Itaqui/PDM, do sistema Belém/Barcarena e de Santarém são os principais do Arco Norte. Os dois primeiros somaram 18 milhões e 17,4 milhões de toneladas, respectivamente, no volume exportado de soja e de milho em 2022.

Os portos que estão acima do paralelo 16 são importantes também pela entrada de fertilizantes. Essa região foi a única que manteve crescimento nas entradas externas em 2022, somando 8,84 milhões de toneladas, superando o volume de Santos e ficando abaixo dos 10,5 milhões de Paranaguá.

Os dados são da Superintendência de Logística da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). As importações totais de adubo, em 2022, recuaram para 38,2 milhões de toneladas, 8,1% a menos do que em 2021.

Os principais portos que ficam acima do paralelo 16 são São Luís/Itaqui/PDM (MA), Sistema Belém/Barcarena (PA), Santarém (PA), Ilhéus/Aratu/Cotegipe (BA), Itacoatiara (AM), Santana (AP) e Barra dos Coqueiros/ TMIB (SE).

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2023/01/portos-do-arco-norte-superam-exportacao-de-graos-de-santos-pela-1a-vez.shtml

Fonte: Folha de S. Paulo