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16/01/2023

CBC vê regularização em reposicionamento de contêineres em 2023

CBC vê regularização em reposicionamento de contêineres em 2023

Mais de 90% dos contêineres de carga seca e 100% dos contêineres refrigerados que estão em tráfego em todo o mundo são construídos na China por três empresas locais: CIMC, DFIC e CXIC. O país tem capacidade de fabricar 240 mil por mês, mas, durante a pandemia, muitas fábricas precisaram parar por longos períodos, gerando impactos diretos no mundo inteiro.

Atualmente a situação está começando a se regularizar e a previsão é que em 2023 tudo volte ao normal com os fretes mais baixos, o preço do contêiner também e a China voltando a fabricar normalmente. Segundo o estudo da Sea-Intelligence, em 2023 há a possibilidade de os contêineres sobrecarregarem portos. Entretanto, para Silvio Campos, presidente da Câmara Brasileira de Contêineres (CBC), isso não é possível, pois é comum dar outras finalidades para o material, como no caso do estádio de futebol 974.

Campos acredita que de certa forma, a paralisação teve pelo menos um aspecto a ser aproveitado, pois mostrou a dependência das fábricas chinesas. "O mercado de contêiner praticamente enxugou e mostrou muitas controvérsias, houve momentos em que um contêiner estava em um lugar e navio no outro, ou seja, todo o mercado foi desbalanceado", comentou.

De acordo com o presidente da CBC, é preciso paciência e tempo para recompor tudo isso, principalmente porque para cada navio você precisará de três contêineres: um na origem, outro a bordo e um no destino. "Com o desbalanço, teve companhias que chegaram e carregar mais de 12 mil contêineres vazios para poder reposicioná-los e recompor o mercado. A coisa foi bem grave no mundo todo", lamentou.

Campos relembra que quando as coisas começaram a melhorar a indústria marítima passou pelo congestionamento no Canal de Suez, onde mais de 200 navios ficaram parados esperando e outros 100 que estavam a caminho cancelaram. Pelo canal, passam cerca de 10% do comércio global. "Os navios ficaram parados no canal, não entravam e nem saíam. Para você ter uma ideia, a crise foi tão grande que há dois ou três meses ainda havia 200 mil contêineres para descarregar nos portos nos EUA" afirmou.

Na última Copa do Mundo, o país sede, Catar, montou um estádio inteiro utilizando 974 contêineres. Todos os setores foram elaborados pensando no uso dos contêineres, que estão presentes desde os setores mais simples, até os mais nobres, onde estarão os diretores e convidados VIP.

"Você passa a utilizar o material em outras coisas, além do transporte, como escritório, casa e tudo mais. O contêiner não é mais descartável como era antes e virava sucata, hoje você reaproveita 100%. Então não tem como ficar sobrando, o armador controla isso muito bem", comentou Campos.

Além disso, segundo o presidente, dificilmente eles ficam parados por muito tempo no porto. Quando o contêiner vem com a carga de importação, o dono dessa carga recebe uma instrução do dono do contêiner, que, geralmente, é uma companhia de navegação, indicando para qual depot (terminal) precisa ser devolvido.

No depot, os contêineres sofrem vistoria para verificar se tem algum amassado, furo ou algo que comprometa a carga e já são preparados para receber a carga de exportação. "Ou seja, o contêiner que chegou com a carga de importação, agora vai levar a carga de exportação para um novo cliente. E ele pode ir para qualquer lugar: pode chegar da Europa e depois ir para os EUA e lá vai passar pelo mesmo processo. Isso é feito com milhões de contêineres todos os dias", comenta Campos.

De modo geral, todo estado ou país que tem um porto que movimenta contêiner possui depots. Quando o armador vai fazer o tráfego para mandar o navio para este local, ele já pesquisa e se informa onde irá direcionar o seu contêiner. "Esses contêineres podem ser do dono do navio como podem ser alugados de uma empresa de locação também. É comprovado que o ideal é a companhia de navegação ter 30% próprio e alugar 30%", destacou.

Fonte: Portos e Navios