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02/05/2022

Entenda como novo lockdown na China afeta comércio das indústrias do Brasil

Entenda como novo lockdown na China afeta comércio das indústrias do Brasil

O novo lockdown na China, após o país registrar um aumento de casos de Covid-19 em abril, vai afetar diretamente o comércio exterior das indústrias do Brasil e pode causar uma nova crise de desabastecimento de insumos, produtos e componentes essenciais para a produção de grande parte das empresas brasileiras, assim como aconteceu no período mais agudo da pandemia. A confirmação é da regional de Campinas (SP) do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp-SP).

O g1 preparou um conteúdo, em perguntas e respostas, para entender qual exatamente é o impacto prático na economia do Brasil das novas restrições da China e os setores que serão afetados em um eventual desabastecimento do material importado da Ásia. As informações foram passadas pelo diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Anselmo Riso, em coletiva de imprensa na terça-feira (26).

O que está acontecendo na China?

Dezenas de cidades chinesas vivem um lockdown para evitar a transmissão do coronavírus. Até este momento, não se trata de uma nova onda ou variante da doença. O que acontece é que o país adota uma estratégia de "Covid Zero" e, como registrou alta de casos de Covid-19 nas últimas semanas, decidiu impor restrições como confinamento severo, restrição de circulação e até cercas para evitar o deslocamento.

Porque o novo lockdown afeta as indústrias?

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Consequentemente, com o país travado novamente devido ao lockdown, as indústrias da região de Campinas e de todo o país já começam a ser impactadas.

A cidade de Xangai, um centro financeiro e de negócios que abriga 25 milhões de pessoas, passa pelo pior momento da pandemia desde o início, há mais de dois anos. A metrópole chinesa não é apenas um centro financeiro global, mas também um dos portos de carga mais importantes para o comércio internacional. Em 2021, o porto de Xangai foi responsável por 17% do tráfego de contêineres e 27% das exportações da China.

Com o porto travado, sem poder trabalhar com o fluxo normal de exportações e importações, o que acontece é um congestionamento de caminhões, contêineres e mercadorias que ficam proibidas de escoar, o que gera um desabastecimento de itens importante para girar a economia das indústrias brasileiras.

"Os novos lockdowns na China estão restringindo a circulação. O Brasil tende a ser duramente afetado. A China está causando uma crise mundial. A bolsa de commodities está aumentando significativamente. A gente não entende porque a China, que nunca deixou de abastecer o mundo no pior momento da pandemia, faz um lockdown tão restrito agora, justo em um momento de crise por conta da guerra na Ucrânia", disse Anselmo Riso.

Qual é o impacto prático no Brasil?

O Ciesp Campinas apontou que o reflexo nas empresas do Brasil causado pelo lockdown na China tem três pontos importantes:

  • Causar uma nova crise de desabastecimento de insumos e componentes eletrônicos, principalmente semicondutores. A falta do semicondutor, desta vez, não afetaria apenas a indústria automobilística, como foi na primeira vez, mas também setores como farmacêutico, agronegócio e fabricante de eletroeletrônicos.
     
  • Aumento geral nos custos, uma vez que não tem a disponibilidade de reposição dos contêineres, porque eles ficam retidos e não podem retornar. Isso aumenta o preço do frete. "Essa retenção aumentou em 50% o valor das embalagens. Eu vejo um período de nuvens carregadas para a indústria da região e do Brasil", afirmou o diretor.
     
  • Prejudica o comércio exterior como um todo. "Por exemplo: se a empresa for comprar uma máquina na Itália, essa máquina provavelmente não vai chegar por conta da falta do semicondutor", completou Riso.

"O grande problema lá é que essa pressão é que isso impossibilita que os grandes trabalhadores trabalhem. Além de estar com porto cheio, as fábricas estão paradas sem produzir", finalizou.

Fonte: G1