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07/04/2021

Leilão da Fiol será nesta quinta e deve garantir R$ 3,3 bi à malha férrea do estado

A Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol) terá seu primeiro trecho, localizado entre Ilhéus e Caetité, leiloado nesta quinta-feira, 8, às 14h, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Realizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o leilão deve garantir R$ 3,3 bilhões de investimentos à malha férrea do estado, sendo R$ 1,6 bilhão para a conclusão de obras, que estão com 80% das intervenções executadas. 

A concessão do trecho de 537 quilômetros de extensão será subconcedido à iniciativa privada pelo prazo de 35 anos. Trata-se de um importante corredor de escoamento de minério de ferro do sudoeste do estado, por meio do Porto de Ilhéus, e possibilitará, também, o transporte de grãos do oeste baiano. 

“A Fiol possui papel estratégico no desenvolvimento econômico da Bahia e será um importante vetor para o escoamento da produção de grãos e minério pelo Porto Sul, cujas obras estão a pleno vapor”, destacou o secretário estadual do Planejamento, Walter Pinheiro (PT).

De acordo com o Ministério da Infraestrutura, o governo federal trabalha para a implementação de mais dois trechos: entre Caetité (BA) e Barreiras (BA), e de Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO), quando, futuramente, irá interligar o porto de Ilhéus a outra ferrovia: a Norte-Sul.

“Para a Bahia é importante que a ferrovia seja viabilizada, pois com a construção da Fiol, uma série de projetos terá andamento, a exemplo do Porto Sul. A obra está em execução e a previsão é de que a parte marítima seja iniciada em julho”, disse o secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti.

O vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, João Leão (PP), celebrou o leilão e afirmou que a Bahia Mineração S/A (Bamin) tem produção à espera da ferrovia para escoá-la.  “A mina da Bamin [Bahia Mineração S/A] em Caetité está pronta e pretende escoar 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. 1/3 da capacidade da ferrovia. A operação da empresa deve gerar 1,5 mil novos empregos diretos e outros 9 mil indiretos”, afirmou Leão. 

“A ferrovia vai beneficiar o deslocamento do algodão e da soja do oeste baiano, que hoje se deslocam de caminhão. O agronegócio do oeste tem potencial para dobrar a área de produção e triplicar o PIB da região. O transporte será também a alternativa para escoamento de grãos do Centro-Oeste brasileiro.”, completou. 

O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa e Mineração (CBPM), Carlos Tramm, espera que o leilão resulte em uma “vitória da Bahia” e do projeto Bamin. Para Tramm, trata-se “do maior projeto de desenvolvimento econômico do século 21” do estado.

“Logo de cara, o minério de ferro produzido pela Bamin vai adicionar por volta de R$ 500 milhões ao ano em arrecadação para o estado e os municípios envolvidos, além da geração de empregos e do desenvolvimento de toda uma nova cadeia produtiva.”, avaliou Tramm. 

Deputada federal pelo PSB, Lídice da Mata comemorou o leilão. “Trata-se de uma grande vitória para a Bahia, para os baianos e para a nossa economia. A Fiol será um divisor de águas para um novo momento da mineração baiana, reduzindo custos, distâncias e aumentando o nosso potencial de negócios e também de geração de emprego e renda”, disse. 

“O agronegócio também será beneficiado e, com isso, o Estado colherá bons frutos. Não posso deixar de lembrar do empenho do presidente da CBPM, Antônio Carlos Tramm, do governador Rui Costa e de toda a estrutura do governo baiano para que isso se concretizasse”, endossou Lídice. 

De acordo com o diretor executivo da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Paulo Villa, a Fiol fará com que a Bahia entre no segmento de mineração de maneira forte e estruturada. “Mineração não existe sem logística. Então uma boa logística é fundamental para o desenvolvimento da mineração. Posteriormente, teremos [contemplado] o setor agropecuário, sobretudo o setor de grãos, envolvido com a ferrovia”, disse Villa. 

A deputada estadual Ivana Bastos (PSD), que foi presidente da comissão da Fiol na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), disse que ferrovia será de fundamental importância para o escoamento da produção baiana. “São mais de 10 anos trabalhando pela concretização da Fiol e do Porto Sul, em Ilhéus, e mesmo com todas as dificuldades estamos dando passos importantes para a concretização desse grande projeto de escoamento da produção para o nosso estado“, afirmou. 

“Esse leilão é um marco de esperança que chega para nós. O trecho da ferrovia entre Caetité e Ilhéus já está com mais de 70% das obras concluídas, somado a isso temos as operações da Mina de Ferro da Bamin que já foram iniciadas, e com a finalização do leilão e a retomada das obras desse trecho, o estado passará a contar com esse importante corredor logístico, responsável para exportar o minério e toda produção de grão do oeste da Bahia e Tocantins junto com o Porto Sul”, concluiu a deputada. 

Operação 

A expectativa é de que o trecho 1 comece a operar em 2025, já transportando mais de 18 milhões de toneladas de carga, entre grãos e, principalmente, o minério de ferro produzido na região de Caetité. Volume que vai mais do que dobrar em 10 anos, superando 50 milhões de toneladas, em 2035 – sendo a maior parte, o minério de ferro. Entre as cargas também estão alimentos processados, cimento, combustíveis, soja em grão, farelo de soja, manufaturados, petroquímicos e outros minerais.

A operação inicial já deve contar com pelo menos 16 locomotivas e mais de 1.400 vagões – pelo menos, 1.100 destinados apenas para o escoamento de minério de ferro. Montante que terá um incremento diante do aumento da demanda, chegando a 34 locomotivas e 2.600 vagões, dentro de dez anos. Além de Ilhéus e Caetité, um terceiro pátio será instalado no município de Brumado. O traçado da Fiol 1 atravessará as seguintes cidades baianas: Ilhéus, Uruçuca, Aureliano Leal, Ubaitaba, Gongogi, Itagibá, Itagi, Jequié, Manoel Vitorino, Mirante, Tanhaçu, Aracatu, Brumado, Livramento de Nossa Senhora, Lagoa Real, Rio do Antônio, Ibiassucê e Caetité.

Infra Week

O leilão da Fiol faz parte do que o governo federal está chamando de "Infra Week”, que contará também com uma série de leilões de aeroportos e portos entre os dias 7 e 9 deste mês. A expectativa é arrecadar R$ 10 bilhões em investimentos privados com as concessões. Estão na lista 22 aeroportos e cinco terminais portuários, além da Fiol.

 

Leilão da Fiol será nesta quinta e deve garantir R$ 3,3 bi à malha férrea do estado (uol.com.br)